02/01/2022 às 13h26min - Atualizada em 02/01/2022 às 13h26min

​Casarão histórico em Araçuai,é demolido sem autorização .

Imóvel fazia parte do conjunto arquitetônico da praça do Coreto, região central da cidade.

Casarão fazia parte do conjunto histórico e arquitetônico da Praça do Coreto.

Um casarão centenário, que fazia parte do conjunto arquitetônico da Praça do Coreto, em Araçuai, no Vale do Jequitinhonha (MG),  foi demolido neste 1º de janeiro de 2022, sem autorização do Conselho  Municipal de Patrimônio Histórico .

O casarão fazia parte de um complexo de aproximadamente 100 imóveis na região central do município, todos tombados por conta de sua importância histórica. 

“ Quando cheguei no local, já estavam demolindo. Acionei a polícia e embarguei o restante da demolição”- informou Luciano Tanure, diretor municipal de Cultura e presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico de Araçuai. Portas e janelas foram retiradas do imóvel.



Foi feito um Boletim de Ocorrência e o caso será denunciado ao Ministério Público. " Todos os envolvidos poderão ser punidos"- destacou Luciano Tanure.





O casarão pertence à familia Cunha Melo. Nele morou por muitas décadas o casal Violeta e Ary Gonzaga Jayme, pais do médico sanitarista Múcio Gonzaga Jayme ( já falecido).  O imóvel faz parte do inventário da família, com pelo menos 100 herdeiros.  O responsável pelo inventário, é o médico e advogado José Renan da Cunha Melo, residente em Belo Horizonte, mas que se encontra em Araçuai.


Nos últimos anos, funcionou como pensão. Atualmente o imóvel estava ocupado por  um aposentado de 64 anos, que teve de  sair, após o desabamento de uma parede e telhado da cozinha, em consequência das últimas chuvas que caíram no final do ano na cidade e região.

 “Acredito que foram os responsáveis pelo casarão que mandaram demolir”- disse o aposentado.

“Na verdade tem que saber quais casas em  Aracuai são tombadas.As casas estão todas caindo e levando risco à população”- disse o filho de um dos herdeiros do imóvel. Ele disse que a família não tinha a intenção de gastar dinheiro na reforma e restauração. “ Vai virar lote”- disse ele, argumentando que Araçuai precisa crescer e rever a questão dos tombamentos. “ A cidade  ( centro histórico )está velha e feia”- afirmou.



 O caso está  sendo acompanhado de perto pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, que já iniciou procedimentos administrativos para penalizar os responsáveis pela demolição, com o registro de um Boletim de Ocorrência na Polícia Militar. O responsável pelo  inventário, não foi localizado pela reportagem para falar sobre o assunto.

 

A expectativa do presidente do Conselho  é de que, no mínimo, os responsáveis pelo imóvel sejam obrigados a pagar multa como forma de reparação, devolvendo o prejuízo em forma de desenvolvimento para a questão da cultura do município. E ainda , poder aplicar multa ao(s)  proprietário (s), cujos recursos  podem ser utilizados na restauração de algum outro imóvel tombado na cidade.


 

O  apagamento histórico em  Araçuai já é uma realidade nos prédios que ajudaram a construir a trajetória do município que em setembro,  completou 150 anos de emancipação. A maioria dos prédios fica na parte baixa da cidade, que foi parcialmente destruída pelas enchentes de 1979. Na gestão da então prefeita Maria do Car mo Silva, a  (Cacá-PT), a área foi tombada mas,  os proprietários dos imóveis não receberam nenhuma ajuda para manter a preservação. "É bem triste e lamentável assistir ao desaparecimento de tantas edificações históricas em Araçuaí. São Casarões outrora tão suntuosos e imponentes cujo abandono e falta de manutenção levam a deterioração e ruinas"- observou o engenheiro Josias Gomes Ribeiro Filho, membro da Associação dos Moradores do Centro de Araçuai. 


Sérgio Vasconcelos
Repórter
 

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