14/07/2022 às 19h55min - Atualizada em 14/07/2022 às 19h55min

Brasil pode se tornar uma potência na produção de lítio, diz Sigma

O lítio interessa a vários países que buscam substitutos do petróleo para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.

Ana Gardner -CEO da Sigma.


Com a flexibilização do comércio exterior de lítio, o Brasil pode se tornar uma potência na produção do mineral, em momento de alta demanda pelo produto devido ao advento das baterias, avaliou a co-CEO da canadense Sigma Lithium Resources Corporation, Ana Cabral-Gardner, em entrevista à Reuters.

A executiva explicou que a dispensa de autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear, vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, deve atrair diversas empresas estrangeiras para a mineração no país, destravando investimentos nos próximos três anos.

“Por causa dessa regulação anacrônica, que classificava o lítio como de interesse nuclear, você caía em um meandro regulatório que não tornava o produto competitivo”, disse Cabral-Gardner.

Segundo a executiva, o Brasil estará numa “posição imbatível para alimentar a América do Norte e a Europa”, chamadas de cadeia do Atlântico, enquanto o mundo busca a eletrificação de carros. Recentemente, o presidente da Tesla, Elon Musk, visitou o país, mas a questão do lítio, estratégica para a sua companhia, não foi levantada oficialmente.

 

 





Presente nas baterias de veículos elétricos, de produtos eletroeletrônicos,  o lítiotem sido alvo de investimentos bilionários em importantes projetos que prometem revolucionar e – literalmente – abastecer o mercado nos próximos anos. Na América Latina, onde está a maior parte das reservas mundiais de lítio, Bolívia, Argentina, Chile e, claro, o Brasil vêm se movimentando para deslanchar a exploração e produção do mineral.
 

A mais recente sinalização nacional neste sentido ocorreu no início do mês, quando o governo brasileiro publicou decreto que flexibiliza as exportações de lítio do Brasil. A decisão tem potencial de viabilizar mais de R$ 15 bilhões em investimentos na produção do minério até 2030, segundo o Ministério de Minas e Energia.

O lítio interessa a vários países que buscam substitutos do petróleo para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Assim, vem ganhando cada vez mais valor no mercado internacional, com preços oscilando abruptamente em poucos meses. Por isso, e não à toa, já foi batizado de petróleo do futuro ou ouro branco.

A Austrália lidera o ranking de produção mundial, ao lado do Chile. No Brasil, conforme o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), as reservas minerais lavráveis de lítio são da ordem de 48 mil toneladas de óxido de lítio contido, representando 0,33% das reservas mundiais. Enquanto isso, dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) publicados em 2021 colocam o Brasil como detentor da sétima maior reserva de lítio conhecida no mundo: 95 mil toneladas. Já o total de recursos de lítio no País (que soma as reservas ao total ainda inacessível) está estimado em 470 mil toneladas.
 
Minas Gerais concentra a maior parte das reservas minerais conhecidas para produção do metal no País e deseja participar ativamente desta transformação. O que não pode fazer, segundo especialistas, é repetir o erro de quase um século e novamente se concentrar apenas na exploração, deixando a manufatura e o valor agregado de lado. Se assim o fizer, estará fadado a buscar, no futuro, um novo substituto para sua economia, como faz agora em relação ao minério de ferro.

Produção de lítio em Minas 

O Brasil produz lítio desde 1991, por meio da Companhia Brasileira de Lítio (CBL). Atualmente, apenas duas empresas produzem o mineral no País: a CBL e a AMG Brasil – ambas em Minas Gerais.

CBL é a única empresa brasileira produtora de carbonato e hidróxido de lítio e conta com uma unidade de mineração em Araçuaí (Vale do Jequitinhonha) e uma planta de processamento químico em Divisa Alegre (Norte de Minas), além de um escritório em São Paulo. A empresa tem 100% de capital nacional e acaba de passar por um processo de desestatização por parte do governo estadual. A participação do Executivo mineiro no ativo, por meio da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), foi arrematada pela Ore Investment por R$ 208 milhões.

Já a AMG Brasil opera um complexo industrial na mina Volta Grande, entre os municípios de Nazareno e São Tiago, na região Central de Minas Gerais, e está investindo na expansão da produção na mina e em uma nova planta química de lítio. Sob aportes de R$ 1,2 bilhão, a unidade de beneficiamento transformará o concentrado em carbonato de lítio, conferindo maior valor agregado ao mineral extraído em terras mineiras. As operações estão previstas para 2026.

Além disso, há várias empresas com projetos de mineração em andamento. Um dos mais promissores também está no Estado e pertence à canadense Sigma Lithium Resources Corporation, que promete produzir 440 mil toneladas de concentrado de lítio grau bateria de alta pureza ao ano no Vale do Jequitinhonha. O empreendimento está sendo implantado em duas etapas, mediante aportes de R$ 2 bilhões. As operações terão início ainda em 2022.

Forbes e Diário do Comércio.
 

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