14/01/2023 às 10h51min - Atualizada em 14/01/2023 às 10h51min

Morre aos 83 anos em BH, o frade franciscano Frei Chico, holandês que adotou o Vale do Jequitinhonha como sua pátria

Morreu na manhã deste sábado (14) no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, o frade franciscano Frei Francisco Van der Poel, que por mais de 40 anos, dedicou sua arte, talento e religiosidade, ao Vale do Jequitinhonha (MG) e ao Brasil. O estado de saúde de Frei Chico se agravou no último domingo (08) após a realização de uma tomografia do tórax, quando ele sofreu uma parada cardiorrespiratória. Ele foi submetido a procedimentos de reanimação, tendo um retorno após 40 minutos, o que levou a um quadro de encefalopatia anóxica ( falta de oxigenação do cerébro) ocasionando graves danos neurológicos irreversíveis. Na ocasião, o religioso foi diagnosticado com meningite.


O franciscano Frei Chico, Francisco van der Poel, chegou à cidade de Araçuaí,  lá pelos idos de 1967, vindo da Holanda. Naquela época, o Vale, como carinhosamente é chamado, situava-se entre as localidades mais pobres do mundo, de modo que suas viagens pela região eram realizadas no lombo de burro.

 

Mas nem tudo era apenas pobreza, pois, o povo do Vale tinha e tem uma riqueza cultural invejável, o que deixou o frade estupefato.

Durante a sua permanência como pároco da Diocese de  Araçuaí, Frei Chico acumulou mais de 15 mil folhas que registravam a cultura relacionada com a fé e a espiritualidade daquela gente. A essa rica pesquisa, o frade somou outras realizadas em Portugal, onde foi em busca de arquivos, tentando achar caminhos que o levassem a compreender melhor a sabença do povo simples do Vale do Jequitinhonha.  Acabou coroando seu trabalho de longos e incansáveis anos de pesquisa com o lançamento do Dicionário da Religiosidade Popular: Cultura e Religião no Brasil, além de outros 5 livros de cultura popular, com a ajuda da inseparável amiga, a artesã Lira Marques.



Em Araçuaí, fundou o Coral Trovadores do Vale que percorreu Brasil afora e outros países. Era um dos grandes incentivadores da secular festa da Irmandade dos Homens Pretos do Rosário de Araçuaí, e todos os anos, ajudava a celebrar a tradicional Missa da Festa do Rosário.

Frei Chico era membro do corpo docente do Instituto Jung, em Belo Horizonte, do Conselho do Centro da Memória da Medicina, na UFMG, do corpo docente do Instituto Santo Tomás de Aquino, de teologia, da Comissão Mineira do Folclore, do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, da Ordem dos Músicos do Brasil. Era formada em Teologia, na Holanda, licenciado em filosofia, em São João del Rei (MG).

Em Araçuaí, o museu leva seu nome e da artesã Lira Marques.

O sepultamento deverá ocorrer em Araçuaí, no cemitério da Irmandade do Rosário. O prefeito Tadeu Barbosa, decretou luto oficial por 3 dias no município.


Gazeta de Araçuaí


 
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