30/11/2021 às 19h16min - Atualizada em 30/11/2021 às 19h16min

Antiga estação da Bahia-Minas em Araçuai, amarga abandono e espera socorro.

Prédio foi doado pela prefeitura, em 1992, a uma entidade sindical.


 
Um dos símbolos mais marcantes da história da Bahia-Minas em Araçuai, no Vale do Jequitinhonha, (MG), está agonizando devido à falta de conservação.
Aos 79 anos, a velha estação de trem, no bairro Esplanada, precisa de recursos para ser restaurada e  ser devolvida à comunidade.


O prédio  foi doado à prefeitura de Araçuai pela Rede Ferroviária Federal   em fevereiro de 1982, durante a gestão do então prefeito, João Rodrigues de Oliveira (João Neiva).  Ficou anos e anos fechado, após ter abrigado a Agência dos Correios e depósito da prefeitura.


Dez anos depois,em dezembro de 1992, na gestão do  prefeito José Cordeiro Barroso,  (Zico) o prédio foi doado ao Centro Cultural Nagô (CCN), uma entidade fundada em 1985 para congregar grupos culturais, e que na Receita Federal,  está cadastrada como uma  organização sindical.

Sem condições de restaurar o prédio, o CCN firmou em 2013 um contrato de comodato,(empréstimo gratuito), por  8  anos, com a  FECAJE-Federação das Entidades Culturais do Vale do Jequitinhonha. A esperança era que a entidade tivesse mais sucesso na captação de verbas para reformas. Não teve. “Fizemos dois projetos para a Lei de Incentivo à Cultura, totalizando cerca de R$ 950 mil reais. Os projetos foram aprovados mas, não conseguimos captar os recursos”, disse Ângela Freire, ex-presidente da FECAJE.



 
Segundo Luciano Silveira, atual presidente do Centro Cultural Nagô, A FECAJE,  em consenso com o CCN ,  pretendia manter o uso cultural, tornando o espaço como Centro de Memória e Referência da Cultura do Vale do Jequitinhonha. “Infelizmente diante da dificuldade de captação de recurso para este projeto, o mesmo não pode ser realizado na íntegra”, disse Silveira.

 Ainda segundo ele,  “ mesmo com o projeto aprovado, não alcançou êxito na captação, para executá- lo. “Ainda assim a FECAJE e o Centro Cultural conseguiram realizar algumas obras de manutenção e pequenos reparos como a troca de madeiramento danificado, telhado, remoção de piso tipo “taco”, manutenção da rede hidráulica e a limpeza do local. O recurso utilizado para tais obras foi adquirido através da realização do FESTIVALE-  informou Silveira.



COMODATO


De acordo com Luciano  Silveira, em 2012, o Grupo Teatral Vozes,  dirigido  por Ângela Freire, celebrou contrato de comodato com o Centro Cultural Nagô,( presidido por Silveira), para ocupar o prédio, para realização de ensaios e instalação do acervo do grupo teatral.



 

FORA DOS TRILHOS.

Para o técnico em Informática, Noemar Orsine,  que mora em frente ao prédio da estação, é lamentável ver um  imóvel que pertence à comunidade, abandonado há tantos anos  e sem serventia nenhuma. “ Bate uma tristeza comparar o que era com o que restou. Tudo abandonado – desabafa.

Para ele, o imóvel deveria ser restituído ao município, restaurado e entregue para uso da comunidade.“  “Trata-se de um bem público que foi doado a um grupo que não faz o devido uso do espaço. Temos tantas crianças e adolescentes aqui no bairro que precisam de um espaço para oficinas de dança, informática, cursos profissionalizantes e também para reuniões dos moradores do bairro e este prédio abandonado”-  lamentou o técnico.


O presidente do CCN, diz que compartilha da proposta: “A comunidade deve ser inserida. Ela é a maior protetora daquele lugar e todas ações devem ter como público prioritário os moradores daquela região”- afirmou Luciano Silveira, relembrando que em gestões passadas, foram realizadas diversas oficinas de arte no local.



ABANDONO

A  má conservação e sinais de abandono são claros aos olhos de quem passa pelo local: Vidraças quebradas, paredes descascadas e pixadas, rachaduras e muitas infiltrações, além de muita sujeira interna que em nada lembra o vai e vem dos vagões e pessoas que por ali passavam.
O calçamento da rua feito durante o governo da então prefeita Maria do Carmo (Cacá) nivelou a plataforma de embarque e desembarque ao rés do chão, tirando o charme e a originalidade da estação.


A atual administração municipal informou que pretende discutir com os segmentos envolvidos, a possibilidade de transformar o prédio em Casa de Cultura Municipal, conforme determina a lei orgânica.

Sérgio Vasconcelos
Repórter

 
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