13/04/2024 às 11h31min - Atualizada em 13/04/2024 às 11h31min

Sigma Lithium não está à venda enquanto preços do lítio estiverem em queda, diz CEO da empresa.

Ana Cabral, presidente da Sigma.
São Paulo, 11/04/2024 - A CEO e co-presidente do Conselho de Administração da Sigma Lithium, Ana Cabral, afirmou em entrevista exclusiva ao Broadcast que a mineradora pausou o processo de venda da companhia. A executiva foi enfática ao mencionar que não continuará negociando a entrada de um parceiro estratégico enquanto não houver recuperação nos preços do lítio. O metal desvalorizou cerca de 80% nas cotações globais desde o início do último ano. "Não estamos vendendo a empresa", afirmou Ana, mencionando que esteve em Londres na última semana e se reuniu com acionistas para reforçar a mensagem aos investidores. "Não há lógica de negócios neste cenário de queda de preços do lítio, com impacto concomitante no meu negócio, fazermos uma negociação com a companhia."

De acordo com a agência de preços de commodities Fastmarkets, o preço do espodumênio com teor 6% de óxido de lítio chegou a ser comercializado em novembro de 2022 a US$ 8.575 mil a tonelada. Hoje, o patamar mais recente de preços é de até US$ 1,250 a tonelada, o que trouxe forte impacto para as mineradoras globais de lítio.

Em comunicado recente, a Sigma Lithium informou que devido à qualidade do seu produto, tem praticado preços na faixa de US$ 1,333 mil a tonelada, com um pequeno prêmio sobre os preços de referência.

Embate

Ana se queixou de ter o nome da sua empresa associado à tensão envolvendo o bilionário Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, após o surgimento de notícias na mídia local que relembravam o interesse do empresário sul-africano nas atividades de mineração de lítio no Brasil.

"Não temos nenhum envolvimento com nada sobre essas recentes tensões", enfatizou ela.



O bilionário entrou em rota de colisão com autoridades brasileiras no último sábado, 6, quando publicou no X (antigo Twitter) que não ia seguir as diretrizes impostas por Alexandre de Moraes para suspender contas e conteúdos com desinformação e discurso de ódio envolvendo perfis simpáticos ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O nome da Tesla foi um dos primeiros apontados como potenciais interessadas na Sigma, no início de 2023, quando a companhia brasileira começou a entrar no radar do mercado internacional. Desde então, o grupo tem atraído a atenção de companhias estrangeiras das mais diversas, desde a própria mineração até grandes consumidores do minério, como as montadoras.

Questionada sobre as conversas realizadas com Elon Musk, Ana respondeu que a Tesla não mostrou interesse em expandir os negócios para a mineração de lítio.



Crescimento

Hoje, no Brasil, a Sigma Lithium é a principal produtora de concentrado de espodumênio de lítio, insumo fundamental para o desenvolvimento das baterias de carros elétricos. Listada no Canadá e nos Estados Unidos, a empresa possui as suas principais operações no Brasil no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, com capacidade anual de produção em 270 mil toneladas.

Por conta da natureza estratégica da matéria-prima, a Sigma Lithium foi procurada ao longo do último ano por grandes montadoras, como a BYD e a Volkswagen, recebendo ofertas de aquisição de uma fatia ou do total das operações.

Em meio a um cenário negativo no mercado global, a Sigma Lithium concentrou suas atenções nas atividades operacionais e tem avançado para crescer em escala. Conforme mostrou o Broadcast, a empresa já iniciou as obras para a construção da sua segunda planta em MG com potencial para dobrar a capacidade de produção da empresa, atingindo 510 mil toneladas.

Inicialmente, os recursos para dobrar de tamanho têm sido retirados do próprio caixa da Sigma Lithium, resultado dos ganhos que a empresa conquistou ao longo do último ano, mas a mineradora também procurou fontes de financiamento a partir de bancos e estuda a possibilidade de emissão de títulos verdes no exterior (green bonds), para fortalecer o processo de crescimento.

A mineradora também recebeu do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) uma carta de intenção em fevereiro que pode resultar no acesso a uma linha de crédito de fomento industrial no valor de US$ 100 milhões.

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